Um milhão de vagalumes

Uma música, um chapéu, todos os sonhos do mundo e a simples mensagem na cabeça de que nada é impossível, tudo depende do nosso ponto de vista. Basicamente foram esses elementos que fizeram com que a minha música ficasse conhecida nos quatro cantos do nosso país, e até chegou a atravessar oceanos em terras que não sei nem contar até três no idioma local. Se esta história fosse um livro, com certeza teria um final feliz, mas o começo, o meio e quase todos os capítulos teriam outro tom de leitura. Superação e fé descreveriam as páginas sobre a minha jornada. Assim, começo a contar, resumidamente, a minha trajetória para que vocês conheçam um pouco mais sobre mim.

Meu nome é Ivo Mozart, tenho 28 anos e nasci na cidade de São Paulo no dia 10 de janeiro de 1986. Não tem ninguém na minha família que tenha relação com a música, talvez a minha veia artística deva ter vindo junto ao meu nome mesmo, homenagem dos meus pais a um dos maiores pianistas e compositores que o mundo já teve: Amadeus Mozart.

Aos 12 anos, depois de ganhar um violão e aprender as quatro primeiras notas, passei a noite compondo quatro músicas, apenas invertendo a ordem das notas. Fiquei assustado porque, até então, eu não sabia de onde vinham aquelas palavras na minha cabeça e não fazia ideia do que tinha feito (se eu soubesse que era aquilo que faria para o resto da vida ficaria ainda mais assustado (rs)).

Os anos passaram, montei algumas bandas, participei de festivais e fiz muitos shows, mas foi aos 19 anos que realmente tive um ponto chave na minha vida ao ser convidado para participar de uma turnê de uma banda muito famosa no Norte do Brasil, a Cariciar, que era composta por 33 pessoas, e eu não fazia ideia do que aconteceria. Com esse nome vocês devem se perguntar qual estilo musical eles tocavam, certo? Pois é, posso dizer que já cantei em uma banda de forró no estilo Calypso e Calcinha Preta.

Em 2004 embarquei no ônibus da banda rumo a Rondônia, e no primeiro show ficou combinado que eu cantaria apenas a música Quando Deus te Desenhou, do Armandinho, mas o que eu não sabia é que a banda era MUITO famosa e mais de 10 mil pessoas estavam lá esperando por nós. Tremendo muito, quando fui cantar, cheguei a cogitar para o produtor que não entraria no palco porque estava muito nervoso, porém, quando me dei conta, já estava cantando para um “mar” de gente e o produtor ainda ficou gritando para eu rebolar (acreditam nisso? (rs)).

Foi justamente naquela hora que senti o que faria para o resto da minha vida (calma, não era rebolar não (rs)). Percebi que queria ser cantor e compositor, mas que eu também gostaria de ter uma história de vida recheada de coisas boas para contar às pessoas. Com a decisão tomada, fiquei apenas um mês em turnê, até me acostumar com os palcos e aprender muito com os músicos da banda. Voltei para casa, me formei em Publicidade e vendi tudo o que eu tinha. Foi aí que começou a minha viagem em busca das minhas histórias.

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Foram 20 países carimbados no passaporte, uma mochila e sem falar outra língua além do português. Eu até levei uma gramática em inglês com perguntas básicas para que eu pudesse pelo menos ir aeroporto até o albergue, mas o problema foi que eu não tinha anotado as respostas. Em função disso, demorei seis horas no trajeto aeroporto/albergue, onde uma pessoa normal levaria no máximo uma hora e meia.

A minha viagem pelo mundo tinha um simples propósito: conhecer todas as pessoas e culturas diferentes possíveis para, aí sim, começar a moldar meus sonhos e quem eu queria ser.

Toquei e passei o meu chapéu em todos os países que estive pela Europa, África, América do Norte e América do Sul. De volta à terra da garoa e cheio de histórias para contar, fui tocar na porta de bares e baladas em São Paulo, simplesmente para que as pessoas conhecessem quem era o Ivo Mozart. A música escolhida sempre foi a minha mais biográfica, chamada Mocinho do Cinema. Depois de um ano e meio tocando nas ruas consegui meu primeiro show como Ivo Mozart, que ocorreu em uma casa onde não costumava ter público e a lotação máxima era para 120 pessoas. Deu tão certo a minha divulgação de tocar nas ruas que naquele dia foram quase três vezes mais pessoas que podiam. O único detalhe foi que a polícia chegou e lacrou o bar (rs).

Depois de anos tocando em casas noturnas resolvi dar outro passo na carreira, vendi tudo o que eu tinha para gravar um EP com quatro músicas, e isso me resultou em um contrato com uma grande gravadora. Engana-se quem pensa que as coisas aconteceram aí! Fiquei mais de um ano e meio “preso” com eles, ou seja, não podia ir para outra gravadora e também não tinha amparo por parte deles. Por diversas vezes mostrei a música Vagalumes para eles e o que eu ouvia era que a música não era boa o bastante e que eu tinha que evoluir no jeito que compunha. Além de tudo, por causa do contrato, eu não podia lançar nada no meu nome que não tivesse a aprovação deles. Foi então que escutei o meu coração e dei um jeito: chamei a banda Pollo para que eu pudesse lançar a música no nome deles e eu entrei como participação na música. Essa foi a estratégia para que eu pudesse lançar a minha própria música, sem bater de frente com a gravadora.

Por acreditar e correr atrás dos meus sonhos, a minha música se tornou um dos maiores hits do País, cantada por pessoas de todas as idades e gerações, e também fiz muitos shows no Brasil e na Europa, contrariando todas as expectativas das pessoas. Como a mensagem da música era simples, queria provar que nada era impossível, tudo dependia do nosso ponto de vista.

Hoje, contei um pouco da minha história pra vocês conhecerem um pouco mais do cara simples, que usa chapéu, e escreve coisas especiais. Nos próximos posts vou comentar mais um pouco sobre os países pelos quais viajei, peculiaridades das culturas, dicas, e um pouco de tudo que vivenciei nesses anos de descoberta pelo mundo que viajei sozinho. Afinal, a felicidade só é completa quando compartilhada.

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